No entanto, ao longo dos anos, fui, demasiadas vezes, traído, abandonado, esquecido e ignorado.
Mas também recebi carinho, atenção, preocupação e ajuda: aturaram-me em condições difíceis e degradantes.
Além disso, entre muitas outras coisas materiais, deram-me dinheiro, pagaram-me dívidas e tratamentos ou sustentaram-me financeiramente para acabar o curso.
Contudo, durante esta primeira década do séc. XXI, eles(as) capitularam (ou deixaram-se consumir por essa pérfida obsessão) à superficialidade das coisas, dos valores e, principalmente, dos sentimentos: amizade, amor, solidariedade, carinho genuíno, etc., etc..
Sempre os vi como irmãos, a quem daria tudo e tudo por eles faria. Hoje estou certo que nunca pude contar com o contrário - pelo menos nos últimos anos. E, com uma serenidade que, simultaneamente, me espanta e assusta, assumo que já não tenho amigos(as) - com uma preciosa excepção. E concluo que o meu erro foi vê-los(as) sempre como miragens; porque as miragens são pessoas perigosas: não têm defeitos, sorriem constantemente para nós, vimo-los permanentemente de asas abertas, e conferem-nos a ilusória certeza de que estão disponíveis em todos os momentos.
Ilusão! Na nitidez da realidade que só agora descobri, vejo que as coisas são radicalmente diferentes: prevalece o egoísmo, o individualismo, a indiferença e uma luta solitária pela sobrevivência - que é feita, em muitas ocasiões, numa inglória solidão.
Não, a culpa não é do Mundo. A responsabilidade é do carácter e da personalidade de cada um: a amizade, a solidariedade, o carinho e o amor não implicam dinheiro, não roubam a vida, e não se gastam.
Por mim, luto para não mudar a minha atitude e os meus sentimentos.
Saberei viver sem eles(as).
E, firmemente, assim irei pela vida fora!
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