domingo, 9 de novembro de 2008
Il mio libro è stato un vero successo
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Como não tenho insecticida...
A manipulação habitual
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Vou de férias!!!!
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Isto não é um "post"; é apenas publicidade!
Dia 31 de Outubro, Fnac de Alfragide (porra, ninguém se orgulha de lançar um livro num local chamado Alfragide, mas a editora atrasou-se a "reservar" a Fnac do Colombo ou a do Vasco da Gama), às 21h30.
Dia 7 de Novembro, às 20h00, no recinto da Feira do Livro do Outono Vivo, junto à marina da Praia da Vitória.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Assim, não brinco mais!!!!!!!!!!!!
Cheguei à conclusão que já ninguém tem pachorra para ler esta coisa.
Ando eu aqui a escrever posts, a "publicar" músicas, mais o raio que me parta, e não há uma alma que faço um ÚNICO comentário.
É por isso que, de cada vez que volto aqui, sinto o odor acre e o silêncio fúnebro dos cemitérios paramentados (não devia ter usado esta última oração; vai fazer-me falta e depois vou ter de me pilhar a mim mesmo). E esse silêncio, vosso Deus, esse vexatório silêncio, é intolerável.
Porra! Ao menos, deixassem um comentário do tipo: «Não percas tempo! Experimenta o aeromodelismo!»
Sendo assim, e uma vez que ninguém tuge enquanto eu mujo, tomo por aquirido que esta chafarica se tornou inócua, desinteressante e aborrecida - se é que alguma vez não o foi...
Portanto, não publico mais trampa nenhuma!!!!!!!!!
P.S. Se alguém, por manifesta distracção, passar por aqui, sugiro vivamente que passem a visitar os blogs dessas duas figuras eminentes da política e cultura portuguesas: Mendes Bota e Chico Barata.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
O fim do neoliberalismo
«(...) O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento divulgou o seu relatório de 1998. Os resultados confirmam a injustiça social, a crise económica e o aumento da pobreza no Mundo. Alguns indicadores sobre as diferenças de rendimento e qualidade de vida entre países e continentes são tão humilhantes e deprimentes que dispensam comentários. Desde, pelo menos, os anos setenta que a economia tomou conta disto. E isto que o relatório revela é o resultado das contas furadas da economia liberal. Um resultado triste e muito pouco animador. Entretanto, o Mundo navega à deriva. Sem rumo nem liderança. (…) A “direita” e a “esquerda” têm vindo a encontrar-se progressivamente ao “centro”. Um “centro” indeterminado, sem vontade nem ideais - gestor das circunstâncias, refúgio dos acomodados e futuro cemitério de uma geração de políticos.
Sabemos que a coisa não pode e não vai continuar assim. Mas a solução tarda a chegar. A crise bolsista (que já tinha aqui modestamente antecipado) e o rombo na economia especulativa, (…), são sintomas de uma desorientação geral e da ausência de liderança no Mundo. (…) Os EUA espirraram e o resto do Mundo engripou.(...)»
«(…) Este século foi vertiginoso e arrepiante (o tal século “breve”), e esta época de transição - sabe-se lá para quê e para onde - não tem sido muito animadora. A falência tem sido, nos últimos anos, a palavra de ordem: falência das ideologias, dos modelos económicos, das ordens morais e da fé tradicional. Estes dias, a barbárie na Argélia e os “sismos” financeiros nas praças asiáticas deram-nos sinais claros de que não há motivo para optimismos panglossianos. As histórias que Bernard-Henry Lévi tem publicado no Público sobre o terror argelino provocam-nos um envergonhado niilismo. Por esse mundo fora, nidificam diariamente conflitos tão violentos como irracionais. (…) Os líderes políticos do mundo inteiro vão navegando ao sabor do vento. E a “globalização” económica geme e treme.
sábado, 27 de setembro de 2008
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Ouçam-no! Estou farto de vos dizer...
O ex-Presidente da República Mário Soares considerou hoje que a maioria dos dirigentes da União Europeia continua num estado de apatia dependente da administração Bush e criticou o vazio de ideias de socialistas e democratas cristãos europeus.
As palavras do ex-chefe de Estado foram proferidas na abertura de um colóquio sobre o futuro da Europa, promovida pelas fundações Mário Soares, Respublica (do PS) e Friedrich Ebert (SPD alemão).
Com o auditório José Gomes Motta (da Fundação Mário Soares) completamente cheio, Mário Soares, Anke Fuchs (Fundação Friedrich Ebert) e o ex-comissário europeu António Vitorino foram unânimes na ideia de que a União Europeia atravessa um momento de paralisia.
Mas o ex-Presidente da República foi o mais duro no seu diagnóstico sobre a realidade política europeia na actual conjuntura de crise financeira mundial.
"Num momento de crise global de múltiplas vertentes - financeira, económica, energética, alimentar, ambiental e moral - é dramático que a UE esteja paralisada e sem estratégia concertada a médio e longo prazo. A maioria dos dirigentes europeus continua num estado de apatia e subserviência em relação à administração Bush, sem parecer dar-se conta de que a era que iniciou chegou ao fim", sustentou o fundador do PS.
Mário Soares considerou depois "estranho que as duas principais famílias políticas europeias - a democracia cristã e o socialismo democrático -, que, em conjunto, deram um contributo decisivo para a construção da Comunidade Económica Europeia (CEE) e, depois, da UE, estejam hoje, ao que parece, sem ideias estimulantes, capazes de mobilizar o entusiasmo dos cidadãos europeus".
Em relação ao impasse institucional derivado da vitória do "não" no referendo irlandês, Mário Soares propôs que mesmo assim os Estados-membros avancem, como acontece com as políticas de cooperação reforçada.
"A UE não pode ficar paralisada, pela segunda vez, por efeito do veto, do referendo irlandês, ao Tratado de Lisboa. Será que os dirigentes europeus têm consciência disso e estão dispostos a mudar o sistema institucional, de modo a que os estados que querem prosseguir a construção europeia não sejam travados por aqueles que não querem", interrogou-se Soares.
No capítulo da defesa, Mário Soares foi o mais crítico dos oradores, classificando a NATO "um braço armado dos americanos" e que está a transformar "o Afeganistão num desastre de maiores proporções do que o Iraque".
Diário Digital / Lusa
domingo, 21 de setembro de 2008
Podia ter sido eu a escrever isto...
sábado, 20 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Hoje lembrei-me de Salvador Allende
The Clash - Washington Bullets a Chile
Hoje, não sei por que razão, lembrei-me das "resistências" na América Latina, e não pude deixar de pensar em Salvador Allende.
Aí têm uma música dos Clash com o último discurso de Allende, difundido através da rádio, a partir do Palácio de La Moneda, quando o exército de Pinochet se aproximava para o assassinar.
E deixo-vos também um excerto de uma carta que escrevi em tempos.
«(...) este livro (O Meu País Inventado) é um bom retrato do Chile (...). Com este livro, aprendi alguma história política da velha república, e não tanto da contemporânea, que já conhecia (desde 1970 e, sobretudo, desde 1973, quando Salvador Allende foi barbaramente traído e assassinado, com o diligente apoio dos EUA, no dia 11 de Setembro), e bebi, voraz, tudo sobre os costumes, paisagens e cheiros extraordinários daquele país verdadeiramente ímpar - ainda assim, não difere muito do mundo fantástico da Macondo que o García Márquez nos faz o favor de revelar.
Há duas referências no livro que eu gostava de comentar e propor-te que adiantes conhecimentos sobre eles. A primeira, sobre Milton Freedman (pág. 197), o inventor do liberalismo selvagem (neoliberalismo) que os EUA emprestaram a Pinochet para que ele fizesse do Chile o laboratório dessa pouco escrupulosa escola de Chicago. O célebre economista foi prémio Nobel, e lembro-me de, nos anos oitenta, o ver numa entrevista na televisão. Já na altura o considerava um «economicista» ranhoso, de fisionomia detestável e sem princípios honrosos. Fez o Chile crescer economicamente, mas, como é marca indelével dessa política nojenta, deixou o país profundamente rasgado entre uma pequena elite rica, e dona dos principais monopólios, e uma mancha incontável de indigentes que habitam os numerosos bairros de lata à volta de Lima e Santiago. Hoje, felizmente, parece que o governo de centro-esquerda procura amenizar os estragos, mas eu duvido que o consiga. Porque os satélites dos EUA ainda não se libertaram da terrível herança de Reagan, e W. Bush é um reconhecido canalha.»
Parece que hoje as coisas estão melhores...
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Já previa isto!
domingo, 14 de setembro de 2008
Uma mulher invejosa é pior do que uma bosta mal-cheirosa...
E eu estou farto de rolas-bosta!!!!!!!!!!!!!!
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
A bosta maior!
Como a minha sondagem "provou", este mentecapto, terrorista de estado fanático, foi a maior bosta que alguma vez os norte-americanos elegeram para presidente.
Agora, a lobotomia já vai tarde...
domingo, 31 de agosto de 2008
Este mundozinho dos vermes
Uma vez, um jornalista perguntou a García Márquez qual era a “mensagem” d’O Cem Anos de Solidão. Gabo respondeu, um tanto agastado: «Já se escreveram milhares de páginas sobre o livro. Mas nunca ninguém viu o essencial: a solidão é o contrário da solidariedade.»
Neste mundozinho onde vivo, a maioria das pessoas sobrevive da fraqueza dos princípios e da ausência de valores honrosos. São intelectualmente cobardes, fogem dos sentimentos mais profundos, recusam o amor genuíno, vivem relações acomodadas no interesse conjuntural, preferem ser frouxas sombras dos que, momentaneamente, são menos fracos entre os fracos residentes, e não conhecem nem praticam a verdadeira solidariedade.
É a esta vidinha redonda, circular - onde as energias se gastam em manobras tíbias, onde a resistência significa desistência, onde impera a cínica concórdia - que resisto com todas as minhas forças, e da qual sinto um miserável nojo.
Tristes estas criaturas que desconhecem o brilho da coragem, o valor infinito do carácter firme e resistente, a beleza possante da solidariedade e a suprema felicidade do verdadeiro amor.
E enquanto esta gentinha se acanha na vacuidade interesseira, e se esconde no calculismo, eu dou o peito nu, ofereço a cara destapada, e desfraldo, sem uma réstia de medo, a minha intensa alma.
Definitivamente, não quero isto para mim. Não quero viver neste fétido conluio permanente, onde sou uma doce vítima destes pardos vermes, e alvo fácil e predilecto da inveja e da calúnia.
Neste momento, só penso em salvar o meu filho (e quem amo, se me quiser amar e seguir-me voluntariamente) desta pigsty imunda.
sábado, 30 de agosto de 2008
domingo, 24 de agosto de 2008
A Fafeira!
Os resultados da sondagem impressionaram-me bastante. Sobretudo, porque fiquei a saber que existem 16 criaturas que visitam este blog.
Como calculam, nenhuma das respostas está certa. Pela simples razão de que a Fafeira, pura e simplesmente, não existe. Quando fiz a pergunta, queria escrever Falfeira, que é uma localidade à saída de Lagos. Saiu-me Fafeira. E assim ficou, porque, de qualquer modo, nenhuma das respostas estaria certa, e o objectivo era (e é) apenas brincar com este tipo de sondagens que hoje nos aparecem em todas as "páginas" da net.
Coloquei mais uma. Respondam, se vos apetecer.
E Viva a chamada "opinião pública", que é uma coisa que está por provar que realmente existe, mas que os media e os políticos insistem em fazer-se valer dela. Estas sondagens (mais as dos programas em directo, por exemplo) são uma fraude e uma grande patetice. Tal como as minhas.
domingo, 17 de agosto de 2008
Amanhã parto de chinelos para o Cáucaso!
Na adolescência, sonhei ser Che Guevara; mas acabei professor pequeno-burguês.
Há pouco, fui iluminado por uma brilhante ideia: decidi participar na guerra que está a acontecer no Cáucaso. Ainda não sei a que lado vou oferecer os meus préstimos, e receber em troca uma kalashnikov, mas estou muito inclinado para o grupo separatista abkase.
A Geórgia, pontência dominadora da zona, tem um governo e um presidente autocráticos, apoiados por Bush e Condoleezza Rice (mais o grosso dos países da UE) - dois motivos suficientes para eu me colocar contra. A Ossétia do Sul e a Região Separatista da Abkázia, que procuram tornar-se independentes da Geórgia, têm o apoio dos Russos - o que não me parece muito bem. Mas a verdade é que ambas reclamam a independência desde a queda da União Soviética - devem, por isso, ter bons motivos.
Li mesmo agora que os abkases tomaram 13 aldeias georgianas. São em maior número e parecem mais fortes do que a Ossétia do Sul. Por isso, acho que vou mesmo juntar-me à Região Separatista Abkásia.
Assim como assim, é para dar uns tiros, mesmo na linha da frente de combate, e acabar por levar um.
Pelo meio, até pode ser que deixe uma reportagem escrita...
Até amanhã, camaradas!
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Sinto-me totalmente rasgado e desocupado...
Puta que pariu o Algarve em Agosto!
Saí a primeira vez anteontem, ao fim cinco dias, para ir tomar banho à Praia da Luz com a Sónia e o Pauluxi, nas rochas em frente à casa dela, sem banhistas à volta. Acabámos por jantar e passar lá um bom serão.
Ontem à noite, fui a Lagos ver o Pedro tocar na Orquestra de Jazz de Lagos, que abriu o Festival deste ano. Quando acabou o concerto, fomos ao Mullen’s recordar os nossos loucos anos 80. Na altura, íamos lá, religiosamente, todas as noites encharcar-nos de tequilha e cerveja, dançar em cima das mesas e fazer outras coisas que não me apetece escrever. No Mullen’s fazia-se de TUDO; hoje nem permitem fumar cigarros. Estivemos lá apenas o tempo de eu beber uma água tónica.
Às quatro da tarde de hoje, passou-me uma coisinha má pela cabeça e deliberei ir a Lagos meter uma bateria nova no chaço do Pedro. Misconception! Foi um horror! Primeiro, a oficina não tinha multibanco e eu não tinha cheques. Tive de descer à Praça Gil Eanes para levantar dinheiro. Àquela hora, só havia duas caixas de multibanco com dinheiro, e, pela lógica numérica, duas longas filas. Já intimamente contrariado por ter sido sujeito a vir ao centro da cidade, olhei as filas vagarosas, abarrotadas com indivíduos amolecidos pelo calor, sob o olhar morto do D. Sebastião do Cutileiro, e não resisti a soltar três grossos palavrões seguidos de um «merda para isto tudo!».
Quando, ao fim de uma dolorosa eternidade, chegou a minha vez e acabei de levantar o dinheiro, dei conta que já tinha na carteira o suficiente para ter pago a factura - soltei mais dois palavrões; mudos, desta vez. No caminho a pé, de volta ao mecânico, lembrei-me de o Tomás (que, previdente, se tinha recusado a vir comigo) ter pedido um hambúrguer do MacDonald’s. Como calculei que estaria atestado de gente, resolvi passar pelo Burger Ranch, que ficava logo ali «e a carne é a mesma», sentenciei. Encontrei mais uma generosa fila, de turistas pobres, famintos de fastfood, que me elevou ainda mais a tensão arterial e avivou a gaveta dos palavrões. (Quem me conhece, sabe que só muito raramente, e sempre tomado pelo embaraço, digo mais do que um palavrão por semana.) Esperei 20 minutos, até chegar à caixa, já rendido ao moroso tempo do tempo do Agosto algarvio. Quando estendi a nota para pagar, a empregada destinou brincar com a minha tatuagem: «Que giro! Um código de barras no pulso. E o produto é bom e barato?» Era uma miúda acolhedora, com uma cara muito simpática e um corpo que me pareceu honesto. Respondi, com um sorriso penoso: «O produto é barato, mas a menina ia ficar mal servida.» Sorriu, eu zarpei com o troco para a outra fila, e ela deve ter continuado a distribuir piadas pelos clientes seguintes.
Subi, com o saco dos hambúrgueres (o vosso Deus sabe como odeio andar de sacos de plástico na mão…), até à oficina, paguei e entrei no carro o mais rápido que pude, determinado a desertar de Lagos. O "ar condicionado" do carro do Pedro não é de grande utilidade no calor – porque, simplesmente, não foi convidado a instalar-se quando o automóvel foi fabricado -, pelo que abri os vidros todos e "encarneirei" no trânsito da cidade. Distraído pela constante presença dela, e por força de um velho hábito, dei comigo a caminho de Portimão - a rota oposta à da desejada Quinta. Já ia a atravessar Odiáxere, quando dei conta de mais esse inconveniente, e não evitei acrescentar uma volumosa e altissonante verve à lista de impropérios. Acabei por dar a volta já sem quase nenhuma paciência, e foi sem uma única gota de paciência que me vi no caminho para Sagres, já depois de passar a entrada para a Luz, que dá acesso a Barão. Tive de guiar mais uns quilómetros para regressar ao meu caminho e chegar, finalmente, a casa. Atirei com o saco da comida para cima da mesa, tirei as chaves, a carteira e o telemóvel do bolso… «Espera aí! Perdi a porra da tampa do telemóvel.» Procurei em todos os bolsos dos calções, pedi ao Tomás que fosse verificar no carro, mas acabei por concluir que a devo ter perdido quando telefonei ao Pedro, enquanto esperava na fila do multibanco. «E não houve um filho de pai incógnito que tivesse visto aquela trampa cair?», ainda me perguntei alto, antes de vociferar mais um rol. Mudei de calções e fui mergulhar a cabeça na piscina durante o tempo suficiente para ela arrefecer.
Que se foda o Algarve em Agosto!!!
P.S. Fui jantar à Praia da Rocha, ao novo restaurante de um velho amigo. Mas fui só jantar. Não cheguei a entrar no miolo da confusão: normalmente recheado de adolescentes apatetados(as) e inglesas a cheirar a bronzeador misturado com perfumes docíssimos.
P.S.1. Amanhã (já hoje) vou a Sagres ver e ouvir o Kusturica e a sua banda. A ideia é irmos fazendo praia-a-praia durante o dia (nas poucas praias semi-desertas que ainda se encontram no Algarve – e só no Barlavento), comer preceves (diz-se percêbes, sabe-se lá porquê...) em Vila do Bispo, e acabar a noite no concerto. Vai estar a "ventar" muito, e estará certamente frio, como é habitual em Sagres, mas é um Festival de gente amena e bonita, e vou ver o Kusturica. Depois, só saio daqui no Domingo para apanhar o comboio para Lisboa – que, felizmente, está quase deserta neste fim-de-semana.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Soutiens contra as balas
A alegria deve-se ao facto de eu gostar muito de mamas, e custa-me saber que as balas podem estragá-las. Estou convencidíssimo que uma bala de calibre 38, mesmo que seja de CO2 (é verdade, já se fabricam revólveres com pressão de CO2: as preocupações ambientais chegaram ao armamento… Imagino que os especialistas dessa indústria, por natureza pacífica, terão pensado: «A malta rebenta-os todos, mas não poluímos o ambiente! Assim sempre ajudamos a cumprir o Protocolo de Quioto, e compensamos o facto de não contribuirmos para o cumprimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem, nomeadamente no que respeita ao artigo 3º: “Todo o indivíduo tem direito à vida (…)”» - é bem pensado, reconheçam!), mas, dizia eu, estou certo que um projéctil de calibre 38 deixa as mamas de uma mulher numa lastimável papa – se restarem mamas.
A apreensão tem mais a ver com a possibilidade (muito remota) de eu poder tropeçar numa agente alemã, em férias no Algarve, e a coisa complicar-se quando chegar a altura de retirar a blusa. É que até aqui, pelo que me dizem amigos meus com alguma experiência no ramo, as alemãs que veraneavam no Algarve não usavam, de todo, soutien. Mas com a crescente onda de violência urbana, é natural que comecem a mudar os hábitos e apareçam de soutiens e coletes à prova de bala.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Mário Cesariny - porque sim!
Faz-se luz pelo processo
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Cavaco, O Estreito, deu um sinal da sua estultice
Quando tomei conhecimento de que Cavaco ia, com pompa e solenidade, “dirigir-se” ao país para fazer uma comunicação de Estado, disse à minha pequerrucha: «O tipo vai dizer que tem bicos de papagaio incuráveis e, por isso, vai renunciar.»
Enganei-me na renúncia, mas acertei nos bicos de papagaio. Só um papagaio ocioso, sem nada para fazer ou dizer, é que manda parar um país para abrir o bico e não dizer nada. Cavaco já não acumula cuspo nos cantos da boca (como nos primeiros tempos), mas continua a ser desagradável vê-lo ouvir falar – dá sempre aquela sensação de quem come bolo-rei de boca aberta. Ora, fazer sair a malta das praias mais cedo, colocar o país em suspenso um dia inteiro - à espera que ele fale da crise e tome uma posição política em relação ao país -, e depois parir um discurso sobre o Estatuto Político-Administrativo dos Açores (que, sendo institucionalmente importante, diz aos continentais quase o mesmo do que as previsões da Maya), é semelhante ao Pinto da Costa convocar uma conferência de imprensa para dizer que o Imortal de Albufeira tem um jogador coxo.
Sendo um assunto no qual todos os partidos (sem excepção) têm “culpa” e responsabilidades exclusivas (recordo que o Estatuo foi votado por unanimidade na Assembleia da República), e cabe aos deputados resolverem e corrigirem as inconstitucionalidades que deixaram passar (e que já todos admitiram), pereceu-me que a explicação para aquela estultice foi o homem acordar com os gritos da Maria, e decidir mostrar ao mundo que é muito homem: «Pronto, vou dirigir-me ao país. Assim a Maria vai ver quem é que manda e deixa de me obrigar a comer salada de rúcula.» E já que ia falar, aproveitou a estúpida comunicação para dar uma ajuda à comunicação social, permitindo as mais variadas análises e comentários – notem que, no estio, há falta de notícias, e uma patetice do Presidente da República dá sempre um jeitão aos jornalistas.
Outra explicação - muito rebuscada, admito -, para Cavaco Silva ter feito aquele aparato todo, é a remota possibilidade de ele andar a ler Leibnitz (portanto, muito improvável, uma vez que ele nem saberá quem é) e ter dado com uma questão que o filósofo coloca por razões de natureza metafísica, mas que Cavaco terá levado à letra, porque a observação transcende os seus neurónios: «Porque é que existe uma coisa em vez de nada?» «Boa», pensou O Estreito, «vou fazer existir um facto político para que não me acusem de só visitar lares de idosos e aparecer nas vindimas.»
Ai, Mário, fazes-nos tanta falta. É que comparar a parolice deste homem com a tua estatura política e intelectual, é como confundir a estrada da Beira com a beira da estrada. E Cavaco nem chega a ser a beira de uma estrada secundária; é um estreito passeio de uma ruela escura, deserta e sem saída.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
O Portas!
«Portas é o pior líder partidário para os portugueses
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, é classificado pelos portugueses como o líder político com a pior actuação, segundo os dados do Barómetro Político Marktest de Julho.»
Diário Digital
Eu previ isto em 1998. Portas, por mais demagógico que seja (e é) não engana os portugueses. Ele pode saltitar pelas feiras, falar dos velhinhos, das reformas e da família; e até pode atribuir à intervenção da Virgem o ter evitado uma catástrofe ambiental; mas nem a Virgem o salva de uma carreira política medíocre.
Recordo uma evidência: Portas nunca teve um bom resultado eleitoral. Teve até alguns bem penosos, que o levaram a afastar-se. Nas próximas eleições, vai tornar a perder...e vai voltar a fugir.
sábado, 26 de julho de 2008
Obrigado, Lobo Antunes!
Lobo Antunes recebeu hoje o prémio Camões relativo ao ano passado. Já basta ter-lhe fugido o Nobel: um prémio que é seu de direito, mesmo que a Academia Sueca nunca lho dê.
António Lobo Antunes é o maior romancista português de sempre, e talvez o melhor escritor vivo do Mundo.
Para mim o problema é muito simples: a maior parte dos escritores não sabem escrever e a maioria dos críticos não sabe ler. (...) A sensação que tenho é de que ando há que tempos a ensinar os meus críticos a ler e eles não há meio de aprenderem
António Lobo Antunes, em entrevista à Visão de 26 de Setembro de 1996
P.S. Acabei de saber que o vencedor deste ano foi João Ubaldo Ribeiro, grande escritor brasileiro. Excelente escolha. Se um dia atribuirem o Prémio Camões ao Paulo Coelho, peço ajuda à al-Quaeda e promovo um atentado ao júri.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Trufas e caviar no jantar da cimeira do G8 sobre fome
Os líderes das oito economias mais industrializadas do mundo (G8), reunidos numa cimeira no Japão, estão a causar espanto e repúdio na opinião pública internacional, após ter sido divulgada aos órgãos de comunicação social a ementa dos seus almoços de trabalho e jantares de gala.
Reunidos sob o signo dos altos preços dos bens alimentares nos países desenvolvidos - e consequente apelo à poupança -, bem como da escassez de comida nos países mais pobres, os chefes de Estado e de Governo não se inibiram de experimentar 24 pratos, incluindo entradas e sobremesas, num jantar que terá custado, por cabeça, a módica quantia de 300 euros.
Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas eram apenas alguns dos pratos à disposição dos líderes mundiais, que acompanharam a refeição da noite com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que está avaliado em casas da especialidade online a cerca de 70 euros cada garrafa.
Não faltou também caviar legítimo com champanhe, salmão fumado, bifes de vaca de Quioto e espargos brancos. Nas refeições estiveram envolvidos 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin.
Segundo a imprensa britânica, o "decoro" dos líderes do G8 - ou, no mínimo, dos anfitriões japoneses - impediu-os de convidar para o jantar alguns dos participantes nas reuniões sobre as questões alimentares, como sejam os representantes da Etiópia, Tanzânia ou Senegal.
(...)
A cimeira do G8, realizada no Japão, custou um total de 358 milhões de euros, o suficiente para comprar 100 milhões de mosquiteiros que ajudam a impedir a propagação da malária em África ou quatro milhões de doentes com sida. Só o centro de imprensa, construído propositadamente para o evento, custou 30 milhões de euros.
Diário de Notícias On-line
Não costumo embarcar nas notícias demagógicas e sensasionalistas sobre os custos das viagens oficiais dos Presidentes da República e das suas comitivas, pela simples razão de que não nos podemos apresentar de ceroulas esburacadas para jantar em casa dos nossos anfitriões - está em causa a imagem do País e a natureza simbólica da nossa representação.
Mas esta notícia é do mais nojento e revoltante que li nos últimos tempos. Mais do que os milhões gastos, o que, neste caso, provoca um vómito colectivo é justamente o seu significado simbólico.
domingo, 6 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
E andamos nós aqui com merdas...
HOLANDA PROÍBE TABACO NOS “CHARROS”
A partir desta terça-feira, se passar por Amesterdão e quiser ser romano, não se esqueça de tirar o tabaco do “charro”, que continua a ser legalmente permitido fumar.
A peculiaridade da lei holandesa anti-tabaco, que entra em vigor neste dia, proíbe o consumo de cigarros, mesmo nos cerca de 750 “coffee-shops” holandeses, onde se pode continuar a consumir drogas como haxixe e marijuana.
Como a generalidade mistura tabaco e haxixe, a fim de contornar a lei e manter os clientes em estado capaz de fumar e ficar de pé ao mesmo tempo, evitando charros puros, os donos dos “coffee-shops” estão a recorrer a vaporizadores. Um engenho que armazena o vapor da queima a erva, depois inalada pelos clientes.
Como o cliente inala, em vez de fumar, os proprietários evitam as sanções dos inspectores de saúde, que procuram, somente, violações à lei anti-tabaco, conta o “El País”.
A proibição de fumar nos locais de trabalho, em vigor desde 2004, foi agora alargada aos estabelecimentos de hotelaria e restauração, apesar dos pedidos de prorrogação da isenção dos “coffee-shop”. Em resultado disso, os charros deixam de poder ser feitos com tabaco.
Jornal de Notícias, 16h54m
domingo, 29 de junho de 2008
Iggy - As minhas favoritas
Shades
You gave me a present
The paper was blue and green
I unwrapped it with pleasure
These are the best shades I've ever seen
You can be my girlfriend
Forever and a day
I never thought I was worth much
Or that anyone would treat me this way
I'm not
The kind of guy
Who dresses like a king
And a really fine pair of shades
Means everything
And the light that blinds my eyes
Shines from you
It makes me come in the night
It makes me swim with delight
I like this pain
I like this mirror
I like these shades
I could have had a problem
I might have never followed through
The other guys are in trouble
They wouldn't listen to a girl like you
These shades say something
I'll bet they cost a lot
I hope I don't break 'em
I hope we don't break up
I'm not
The kind of guy
Who dresses like a king
And a really fine pair of shades
Means everything
And the light that blinds my eyes
Shines from you
It makes me come in the night
It makes me swim with delight
I like this pain
I like this mirror
Isolation
Needed you, you were only using
Needing you just tore me down
And here I stand in isolation
feeling emptiness and doubt
walking down the broken highway
sucking sugar plain and sweet
did your mother ever tell you
that the joyful are free
I need some lovin'
like an inmate needs a dime
I need some lovin'
like a poet needs a rhyme
here i stand in isolation
my empty hands in isolation
walking down the broken highway
sucking sugar cause it's my way
find me one heart to complete with
heading for the farthest reaches
I need some lovin'
like a body needs a soul
I need some lovin'
like a fastball needs control
here i stand in isolation
my empty hands in isolation
strike up the band
in this proud land
got a lot to do
got a lot to say
got a life to live
here I stand...
sábado, 28 de junho de 2008
Paulo Coelho e a Filosofia do Óbvio
E um boomerang em lugar do arco e flecha?
Não haja dúvidas! Este tipo é um espertalhão! Um verdadeiro industrial do sector da literatura de auto-ajuda.
Cada vez que me lembro que este merdoso escrivão foi aceite pela Academia Brasileira de Letras como um espécime literário, depois de terem recusado Drummond de Andrade ou Vinícius de Morais …
Para confirmarem, ofereço-vos algumas frases apologéticas da sua doutrina, que podem encontrar no seu site, convenientemente composto e redigido em inglês.
We cannot all see the dreams in the same way.
A menos que tivéssemos todos o cérebro programado, Paulinho.
The search for happiness is more important than the need for pain.
Obrigado, Coelho, por esta revelação. Eu, por exemplo, estava perfeitamente convencido de que a necessidade de dor era bem mais importante para o meu matrimónio do que a procura de felicidade. Até já tinha pedido à minha amada que comprasse, com urgência, uns acessórios sadomasoquistas numa Sex Shop. É que a nossa relação não ia lá muito bem. Mas depois deste teu sábio conselho, decidimos frequentar uma Igreja Maná.
Love is only a small thing, enough for one person, and any suggestion that the heart migth be larger than this is considered perverse.
E agora pá? O que raio é que vou dizer às minhas amantes, ó génio da espiritualidade e fabricante de livros à tonelada? Explica-me lá como é que me desfaço delas sem que elas me furem os pneus do carro ou me roubem o cartão de crédito? As tipas nem conhecem a palavra «perverso»…
Sometimes an important incident is capable of turning everything beautiful into a moment of anxiety.
E o contrário também funciona, certo? Hás-de convir que essa coisa de nos acontecer "an incident" a qualquer momento tem uma grande probabilidade. E podemos passar da ansiedade a outro estado de espírito. Tens razão rapaz. Sim, é verdade, eu confirmo. A semana passada, pouco antes de terminar o jogo com a Alemanha, recebi um telefonema de uma colega a pedir que lhe fosse ajudar a carregar uns móveis. Passou-me logo a ansiedade. Mas subiu-me cá uma raiva...
Our true friends are those who are with us when the good things happen. They cheer us on and are pleased by our triumphs. False fiends only appear at difficult times, with their sad, supportive faces. When, in fact, our suffering is serving to console them for their miserable lives.
Repararam bem na abjecta confissão de solidariedade deste criptofilaucioso. Para mim, já só lá vai com aguarrás na mioleira e uns pauzinhos de bambu cravados nas unhas dos pés.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Estou completamente perdido
Um aviso prévio: ainda não estou completamente chanfrado; e muito menos sexualmente tarado. É apenas a Primavera, como já expliquei outro dia.
Em Março deste ano, por recomendação, encomendei, na Fnac (a minha loja diária), Closer - Perto de mais. É um filme excepcional, que recomendo sem dar nenhuma informação para não provocar nenhuma influência.
Como algumas vezes acontece, apaixonei-me perdidamente por uma das actrizes do filme: Natalie Portman. A coisa foi tão forte e despropositada que, mal terminou, corri para o computador e acedi à Fnac, para comprar todos os seus filmes disponíveis. Encontrei apenas dois: Os Fantasmas de Goya (apreciável, com Javier Bardem, que faz um excelente papel); e Leon, O Profissional (um filme mediano, o primeiro de Natalie, quando tinha apenas 14 anos). Comprei-os, esperei ansioso pela chegada do correio, vi-os seguidos, e, naturalmente, Natalie instalou-se-me no juízo e nas vigílias diurnas. Vivi feliz “com ela” até à última sexta-feira.
Não foi bem sexta-feira, foi já na madrugada de sábado, quando vi, num dos canais da TVCine, um filme que me deixou duplamente impressionado. O filme chama-se, em português, Quando eu era cantor, e tem como intérpretes Gérard Depardieu e Cécile de France. Está-se mesmo a ver que me passei com a menina – sim, porque ela é quase uma menina, nascida na Bélgica, em 1975.
Quando o filme acabou, voltei a fazer o mesmo: computador, internet e Fnac – mas não encontrei um único dvd disponível.
Resolvi então pesquisar. Entrei no primeiro resultado, um site francês, e dei com uma situação que me baralhou ainda mais o cérebro, já de si embaraçado. O site, especialista em cinema, tinha várias sondagens aos visitantes, com os respectivos resultados. Abri a categoria espoir étranger: 1º lugar, 39,1% - Cécile de France; 2º lugar, 18,4% - Natalie Portman, nascida a 9 de Junho de 1981. Passei o resto da noite, até às 9.00 da manhã, a navegar por todas as suas fotos, todos os seus vídeos e todas as suas críticas. Tudo serviu para me aumentar o desassossego, e desde esse dia que me deito com as duas.
Bem sei que estas obsessões parecem doentias, mas eu não sei viver sem heróis, paixões ausentes e remotas, ou outras referências. E não me arrependo, nem pretendo mudar.
Sempre tive paixões por actrizes de cinema ou televisão: Marthe Keller, Andie MacDowell (por quem me apaixonei em Green Card - Passaporte para o amor, onde contracena com Gérard Depardieu – esse magnífico actor, mas disforme senhor, que me causa inegáveis ciúmes), Júlia Roberts, Meg Ryan (que até tem os joelhinhos metidos para dentro), Juliette Binoche, Fernanda Lima, ou Jennifer Morrison. Nenhuma (tal como Cécile e Natalie) é perfeita, segundo a beleza padronizada. Mas todas têm uma coisa em comum: belíssimas mãos.
Como disse, vou continuar a apaixonar-me por essas miragens. Apesar de saber que - para usar uma expressão que escrevi numa das páginas do meu romance em construção - «(...)os ídolos são perigosos: não têm defeitos».
sábado, 21 de junho de 2008
Eu sou fanático do Dr. House
Acabou a IV série do Dr. House e eu não sei o que fazer, daqui para a frente, às onze da noite das segundas-feiras. Sinceramente, na série, as questões médicas pouco ou nada me interessavam. O que me fascinava (fascina) era a personagem de Greg House: inclassificável!
Ainda por cima, revia-me no humor corrosivo, na intuição (baseada na acumulação de muito saber e muita experiência), na imodéstia, e no famigerado mau-feitio do House.
Ponham o volume no máximo e vejam este "clip".
Dr. House and Jennifer Morrison
Tinha de "postar" este vídeo. Por ela!
P.S. Voltem a pôr o volume no máximo.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Falta-me tempo para ser rico
Devo dizer que tenho o mais profundo desprezo pelo dinheiro; e a prova disso é que o gasto ou ofereço todo, sem fazer cálculos ou contas de subtrair – sim, porque o dinheiro nas minhas mãos diminui vertiginosamente.
Nos últimos meses, por razões que não vou explicar, dei comigo a pensar que gostava de ser rico. Bom... não é rico, rico, rico. Não é sequer rico. É só ter o suficiente para subir acima do remediado.
E o que fazem as pessoas comuns quando querem ganhar dinheiro? Mudam de empresa ou profissão? Não! Arranjam dois empregos? Não! Fazem horas extraordinárias? Não! Está bom de ver que não. Naturalmente, começam a jogar no Euromilhões. Foi o que comecei a fazer, mas a merda do prémio nunca mais me sai, e sinto uma dolorosa injustiça divina, porque se há alguém que mereça ganhar uns milhões de euros sou precisamente eu. Porquê eu? Exactamente pelas mesmas razões que vocês invocam para o merecerem – não sei quais são as vossas razões, mas faço-as desde já minhas.
Eu não queria dinheiro para carros de luxo, veleiros, caviar, palácios ou gajas boas. Bem... gajas boas, sim! Porque sei, por amargurada experiência própria, como é cada vez mais difícil arranjar uma gaja boa que nos queira - o que, no meu caso, é compreensível: estou um chaço e não tenho um tostão. Às vezes (poucas) iludo uma ou outra incauta com elevadas conversas sobre Literatura e Ciência Política, mas elas acabam por nem sequer chegarem a ler o Bioy Casares e o Ramonet que lhes recomendo, tal é a pressa de se livrarem de mim – para ser mais exacto, para fugirem - antes do Verão - da vergonha de partilharem em público a minha proeminente pança.
Vejam bem. Eu só queria ter dinheiro suficiente para ter tempo. (Ocorre-me agora, ao fim de tantos anos a ouvi-la, o verdadeiro significado da expressão «tempo é dinheiro».) Repito: eu quero dinheiro para ter tempo. E, tendo tempo, ganhar dinheiro. Parece parvo (o que, tratando-se de mim, não era de estranhar), mas o que eu preciso, juro-vos, é de tempo para ganhar dinheiro.
Eu explico! Se tivesse tempo – ou seja, se não tivesse obrigações profissionais (escrevi obrigações profissionais para realçar, justamente, a palavra «obrigações»; mas o mais comum é chamarmos-lhe emprego) -, eu podia ler, TODOS OS DIAS, até às três da madrugada, e depois escrever até às oito da manhã, sem pensar que a seguir tinha de arrostar a escola com uma “directa”.
E como ganhava o dinheiro? Escrevendo, obviamente. E lendo, lendo muito, para escrever muito e mais e bem – esta é a parte mais difícil, porque está por provar que a minha escrita seja tão boa que me permita ganhar dinheiro a escrever livros. Mas já ouvi dizer que sim, que consigo, que posso ser um bom escritor e essas coisas. Em todo o caso, sem tempo para escrever não posso...escrever. E, sem escrever, não publico livros e não ganho dinheiro. E isso, naturalmente, aborrece-me.
Bolas! Não existe por aí uma providência qualquer (aceito donativos!) que me queira dar uma oportunidade de ter dinheiro para ter tempo para ter dinheiro?
Suponhamos que sim, que aparecia uma providência e que me caíam uns bons trocos na conta bancária. Posso imaginar os meus dias, dia a dia, a partir desse mesmo dia.
Quando acabasse de escrever, às oito da manhã, nadava dez minutos numa modesta piscina caseira. Depois, se fosse verão, sentava-me no alpendre a tomar o pequeno-almoço e a repousar as meninges, ouvindo música. Saía às dez, para comprar carne, peixe e legumes frescos, e voltava para fazer o almoço - confeccioná-lo, seria o termo mais indicado.
Adoro cozinhar e até já comprei um par de livros de culinária. Não são livros de receitas (isso oferecem no hipermercado), são livros que ensinam tudo sobre temperos, ervas aromáticas, composições, calorias, técnicas de cozinha, e por aí fora.
A seguir ao almoço, via e lia as notícias, e depois dormia até às oito da noite. Jantava uma salada, e deitava-me no sofá a ver um filme, um programa interessante ou o Dr. House, até à meia-noite. E assim sucessivamente. Em dias de pouca inspiração, ou de preguiça, via a Tv Shop até de manhã. Não há nada melhor do que ver a Tv Shop para sentirmos uma doce alegria por estarmos vivos e sãos - sobretudo, mentalmente sãos. Comigo funciona.
Além disto tudo, procurava arranjar uma companhia feminina intermitente. Apesar de já ter percorrido muito caminho, lembro-me sempre de uma frase que devo ter lido estampada no vidro traseiro de uma carrinha de pão: «Não podes deitar-te com todas as mulheres do mundo, mas deves fazer um esforço…».
Porra! Dêem-me tempo!
terça-feira, 17 de junho de 2008
O Estado da Arte no Sorriso Universal
Oito exemplos aleatórios:
1. O sorriso de José Saramago: raro; parece que, após ganhar o Nobel, insuflou-se com demasiado oxigénio, que o aparelho digestivo foi expulsando em fugas silenciosas, durante os jantares de cerimónia – e ninguém ri enquanto solta ventosidades ao lado do Rei de Espanha. Os especialistas afirmam que o processo deixou uma mazela: uma relutante bolha de gás, que ficou alojada a meio do intestino grosso, provoca ao autor fortes pontadas quando o obrigam a rir.
2. O sorriso de Paula Bobone: sorri com a sobrancelha direita arqueada; um trejeito que resulta do terrífico pânico de revelarem a sua verdadeira profissão: é dona e gerente de um cabaret ordinário na margem sul de Lisboa.
3. O sorriso de Medina Carreira: não tem; perdeu-o quando reparou que o Mundo o tinha atropelado, e ido embora sem que ele desse por isso.
4. O sorriso de Neil Diamond: tímido e hesitante; justificado pelo receio de que lhe caia a dentadura.
5. O sorriso de Jean-Marie Le Pen: ninguém dá por ele; tem a cara toda amarrotada, o que leva as pessoas a confundirem o queixo com a testa – as poucas que se concentram numa só parte, são fatalmente atraídas pelo olho de vidro.
6. O sorriso de Than Shwe, o ditador de Myanamar: não sorri em público; tem os dentes podres, à semelhança da sua consciência.
7. O sorriso de Margarida Pinto Correia: hum…difícil de avaliar; demasiado verdete entre os dentes e o aparelho dentário.
8. O sorriso de Sócrates: nunca saberemos; apesar de constar que um reputado fisionomista grego, famoso no séc. V a.C., tenha afirmado que o rosto de Sócrates escondia um embuste, o filósofo ficou conhecido pela sua cidadania exemplar. Mas o especialista sempre afirmou que a fisionomia facial de Sócrates revelava as características de um perigoso serial killer. Pelo que se sabe não sorriu enquanto nem depois de tomar a cicuta. (Enganei-vos! Pensavam que era o nosso primeiro-ministro, hem?)
segunda-feira, 9 de junho de 2008
PRIMAVERA PARA VETERANOS
Não são as flores, o calor, as andorinhas, o fogo intenso do Sol, a cor das manhãs, ou o extenso ocaso, que faz da Primavera o período mais aclamado pelos homens. O que sanciona o gosto celestial dos homens heterossexuais por esta estação do ano, são as primeiras revelações femininas: os tornozelos despidos, a redescoberta dos ombros e das costas nuas, o umbigo assinalado, e depois as coxas, os joelhos polidos e a pele: toda a sua fracção visível.
Para nós, muito mais do que um mergulho na água fresca, as férias planeadas, ou as viagens exóticas, é a beleza feminina – naturalmente emoldurada pelo encanto da Natureza transformada - que nos confunde os sentidos, nos enrosca o cérebro em fantasias eróticas, nos inibe das depressões sazonais, nos faz crescer, subitamente, e sem consentimento, o membro da Vida, e nos faz cantarolar as broncas letras das músicas de Verão antecipadas, com uma distinta patetice gomada no rosto. Para os homens, não há mar de Cabo Verde, poemas de amor juvenil, velas acesas no escuro da praia, leituras do Paulo Coelho, ou profundos suspiros filosóficos. Para os homens heterossexuais, na Primavera, só existe a estética curvilínea das mulheres e o apelo ingovernável da líbido.
Não! Recuso-me!
Quando soube que Mike Newell tinha adaptado para o cinema O Amor nos Tempos de Cólera, tomei imediatamente uma firme decisão: «Não vou ver o filme. Nem que chova a Natalie Portman.»
O Amor nos Tempos de Cólera é, para mim, O romance. Não o li tantas vezes como li Cem Anos de Solidão (sete vezes, pelo que me recordo), mas considero-o o melhor romance de García Márquez: o meu escritor preferido. É um livro perfeito na sua estrutura, genial na construção das personagens, com uma narrativa inexcedível, e escrito com a minúcia, o primor, a beleza e a paciência que só os relojoeiros do séc. XIX dedicavam ao seu prodigioso ofício.
Invariavelmente, os filmes reduzem os livros e roubam-lhes a alma. No caso da escrita mágica de Gabo, degolam-nos a imaginação e destroem as cores, as brisas temperadas ou os odores que vimos e sentimos ao ler os seus livros.
Gabriel García Márquez quase não usa diálogos, as falas são raras, e normalmente curtas, e só aparecem quando são estritamente necessárias e justificam um soco de inspiração na nossa leitura. Ele não precisa dos diálogos; porque apura tão bem as palavras e compõe de tal forma as frases e os parágrafos, que as suas imagens, metáforas ou “simples” descrições, nos fazem entender tudo – rigorosamente tudo.
Por isso - e tudo o mais que tem merecido teses e teses -, é de todo impossível “explicar” na tela o “universo” de Gabo. Não é exequível, por exemplo, que algum realizador de cinema seja capaz de transmitir, por inteiro, a sabedoria expressa nesta frase, em que García Marquez descreve um complexo sentimento de Fermina Daza por Juvenal Urbino: «Por isso não o tratava como a um velho difícil mas como a um menino senil, e esse engano foi providencial para os dois, porque os salvou da compaixão.»
Não! Não vou ver o filme. Não vou estragar um dos mais deliciosos e exaltantes sonhos literários a minha vida.
P.S. Aceitei, intimamente contrariado, esta foto que Ma Belle me enviou. Uma bela foto, aliás.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
EU FUI...3; E VIM MUITO SATISFEITO!!!!!!!!
Grande concerto!!!!
Quando acabou a lamentável actuação de Amy Winehouse, viemos verter e beber algum líquido, e acabámos por ficar cá por cima, convencidos de que iríamos ouvir mal Lenny Kravitz – tal como havia acontecido com a Ivete Sangalo, que abandonámos à sua poeira...
Mas Lenny Kravitz beneficiou de um som magnífico, e deu um concerto excepcional. Que me lembre, só tocou duas músicas do seu último cd de originais (It is Time for a Love Revolution), e decidiu alinhar um conjunto de temas que atravessa toda a sua carreira.
Adorei ouvir Mr. Cab Driver. E as outras 90 e tal mil pessoas – que lá estavam a pular e a balancear os braços – viajaram por quase duas décadas, através de músicas que terão marcado momentos inconfessáveis.
Ver aquela multidão a mover-se ao som de American Woman, ou a pretender voar com Fly Away, foi como filmar na memória uma noite de frames indeléveis.