sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Puta que pariu o Algarve em Agosto!

Decidi (um tanto contrariado) vir ao Algarve em Agosto, porque o Pedro me prometeu que não saíamos da Quinta dele, em Barão de S. João. Era o que tinha feito até anteontem. Andava por aqui a vaguear, com o pensamento sempre à distância, entre mergulhos na piscina e passeios na net.
Saí a primeira vez anteontem, ao fim cinco dias, para ir tomar banho à Praia da Luz com a Sónia e o Pauluxi, nas rochas em frente à casa dela, sem banhistas à volta. Acabámos por jantar e passar lá um bom serão.
Ontem à noite, fui a Lagos ver o Pedro tocar na Orquestra de Jazz de Lagos, que abriu o Festival deste ano. Quando acabou o concerto, fomos ao Mullen’s recordar os nossos loucos anos 80. Na altura, íamos lá, religiosamente, todas as noites encharcar-nos de tequilha e cerveja, dançar em cima das mesas e fazer outras coisas que não me apetece escrever. No Mullen’s fazia-se de TUDO; hoje nem permitem fumar cigarros. Estivemos lá apenas o tempo de eu beber uma água tónica.
Às quatro da tarde de hoje, passou-me uma coisinha má pela cabeça e deliberei ir a Lagos meter uma bateria nova no chaço do Pedro. Misconception! Foi um horror! Primeiro, a oficina não tinha multibanco e eu não tinha cheques. Tive de descer à Praça Gil Eanes para levantar dinheiro. Àquela hora, só havia duas caixas de multibanco com dinheiro, e, pela lógica numérica, duas longas filas. Já intimamente contrariado por ter sido sujeito a vir ao centro da cidade, olhei as filas vagarosas, abarrotadas com indivíduos amolecidos pelo calor, sob o olhar morto do D. Sebastião do Cutileiro, e não resisti a soltar três grossos palavrões seguidos de um «merda para isto tudo!».
Quando, ao fim de uma dolorosa eternidade, chegou a minha vez e acabei de levantar o dinheiro, dei conta que já tinha na carteira o suficiente para ter pago a factura - soltei mais dois palavrões; mudos, desta vez. No caminho a pé, de volta ao mecânico, lembrei-me de o Tomás (que, previdente, se tinha recusado a vir comigo) ter pedido um hambúrguer do MacDonald’s. Como calculei que estaria atestado de gente, resolvi passar pelo Burger Ranch, que ficava logo ali «e a carne é a mesma», sentenciei. Encontrei mais uma generosa fila, de turistas pobres, famintos de fastfood, que me elevou ainda mais a tensão arterial e avivou a gaveta dos palavrões. (Quem me conhece, sabe que só muito raramente, e sempre tomado pelo embaraço, digo mais do que um palavrão por semana.) Esperei 20 minutos, até chegar à caixa, já rendido ao moroso tempo do tempo do Agosto algarvio. Quando estendi a nota para pagar, a empregada destinou brincar com a minha tatuagem: «Que giro! Um código de barras no pulso. E o produto é bom e barato?» Era uma miúda acolhedora, com uma cara muito simpática e um corpo que me pareceu honesto. Respondi, com um sorriso penoso: «O produto é barato, mas a menina ia ficar mal servida.» Sorriu, eu zarpei com o troco para a outra fila, e ela deve ter continuado a distribuir piadas pelos clientes seguintes.
Subi, com o saco dos hambúrgueres (o vosso Deus sabe como odeio andar de sacos de plástico na mão…), até à oficina, paguei e entrei no carro o mais rápido que pude, determinado a desertar de Lagos. O "ar condicionado" do carro do Pedro não é de grande utilidade no calor – porque, simplesmente, não foi convidado a instalar-se quando o automóvel foi fabricado -, pelo que abri os vidros todos e "encarneirei" no trânsito da cidade. Distraído pela constante presença dela, e por força de um velho hábito, dei comigo a caminho de Portimão - a rota oposta à da desejada Quinta. Já ia a atravessar Odiáxere, quando dei conta de mais esse inconveniente, e não evitei acrescentar uma volumosa e altissonante verve à lista de impropérios. Acabei por dar a volta já sem quase nenhuma paciência, e foi sem uma única gota de paciência que me vi no caminho para Sagres, já depois de passar a entrada para a Luz, que dá acesso a Barão. Tive de guiar mais uns quilómetros para regressar ao meu caminho e chegar, finalmente, a casa. Atirei com o saco da comida para cima da mesa, tirei as chaves, a carteira e o telemóvel do bolso… «Espera aí! Perdi a porra da tampa do telemóvel.» Procurei em todos os bolsos dos calções, pedi ao Tomás que fosse verificar no carro, mas acabei por concluir que a devo ter perdido quando telefonei ao Pedro, enquanto esperava na fila do multibanco. «E não houve um filho de pai incógnito que tivesse visto aquela trampa cair?», ainda me perguntei alto, antes de vociferar mais um rol. Mudei de calções e fui mergulhar a cabeça na piscina durante o tempo suficiente para ela arrefecer.
Que se foda o Algarve em Agosto!!!

P.S. Fui jantar à Praia da Rocha, ao novo restaurante de um velho amigo. Mas fui só jantar. Não cheguei a entrar no miolo da confusão: normalmente recheado de adolescentes apatetados(as) e inglesas a cheirar a bronzeador misturado com perfumes docíssimos.

P.S.1. Amanhã (já hoje) vou a Sagres ver e ouvir o Kusturica e a sua banda. A ideia é irmos fazendo praia-a-praia durante o dia (nas poucas praias semi-desertas que ainda se encontram no Algarve – e só no Barlavento), comer preceves (diz-se percêbes, sabe-se lá porquê...) em Vila do Bispo, e acabar a noite no concerto. Vai estar a "ventar" muito, e estará certamente frio, como é habitual em Sagres, mas é um Festival de gente amena e bonita, e vou ver o Kusturica. Depois, só saio daqui no Domingo para apanhar o comboio para Lisboa – que, felizmente, está quase deserta neste fim-de-semana.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tivesses ido para Tavira...ias ver o que era bom!!!

Anónimo disse...

o unico erro q tiveste foi a fazer a boa açcão ao Rijo...de resto andamos muito soft,la pla Luz e por Barão as coisas ate estavam calmas,nao fossem alguns cigarrinhos rebentar...Abr a ti e ao Tomas zas tras pas.

Paulutchy